sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Do meu pai

Meu humor, minha relação com as palavras, minha pouca ambição, meu prazer por pequenas coisas - muito do que tenho veio do meu pai, com quem pouco convivi - ele se foi quando eu tinha 11 anos -, mas de quem muito herdei. Médico de ofício, escrevia por diletantismo, publicando em jornal crônicas ora divertidas, ora emocionantes, sempre muito bem escritas.

Leitor voraz e curioso pelas tecnologias, se estivesse por aqui ainda hoje certamente seria um entusiasta da internet, onde mergulharia noite adentro ao lado de sua vodca com fanta. E, é claro, teria um blog como esse, onde postaria coisas como o que se segue: uma compilação de reflexões e trocadilhos publicados originalmente no Jornal de Montes Claros, em 1979. Estão aí, pai. Agora você também está na web.


Você sabia?
João Walmor de Paula

O preço da vigilância é a eterna liberdade.
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Carece de qualquer fundamento o boato, muito difundido, de que os italianos não têm papas na língua.
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Cientistas da Universidade de Southampton acabam de descobrir que as paredes, de fato, têm ouvidos; mas são surdas como uma porta.
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O papel da Imprensa é informar; quem o usar indevidamente, leva tinta.
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Para recuperar uma velha matriz, são necessários bons reprodutores.
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Segundo fontes fidedignas, é pensamento do ilustre colega Konstantin Christoff reformar todos os bustos da cidade. Não apuramos ainda se diz isso como escultor ou como cirurgião plástico.
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Na África do Sul, é inteiramente proibido o tiro ao alvo; ao escuro, nem tanto.
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As porcas com um parafuso de menos ficam meio sem rosca.
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A 12 de janeiro de 1822, atendendo a inúmeros pedidos, D. Pedro decidiu permanecer no Brasil; foi o "dia do fico". Já em 5 de abril de 1831, atendendo a várias ameaças, resolveu abdicar e partir para a Europa: foi o "dia do parto".
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Por incrível que possa parecer, alguns clientes do Dr. Cláudio Pereira ainda costumam dizer durante a consulta: "Obrigado pela parte que me toca".
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Ulisses tinha duas boas razões para considerar Penélope um amor-tecedor.
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De todos os sinais de pontuação, o que Frederico, o Grande, apreciava mais era a vírgula.
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Um grande número de professores de auto-escola é formado por autênticos auto-didatas.
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O colírio é um medicamento de uso local em moléstias oculares. Queixam-se muito de que os colírios estão custando o olho da cara. É porque ainda não viram o preço dos supositórios..

domingo, 16 de agosto de 2009

Áudio de stand-up comedy - 17 anos de The Jingles

Em dezembro de 2008, The Jingles comemorava 17 anos num show na Marcenaria Utópica. Como a data não poderia passar em branco, apresentei o texto cujo áudio pode ser ouvido aqui. Como a apresentação não foi filmada, excluí a "piada visual" do meu solo de teclado. Quem viu, viu!


quinta-feira, 30 de julho de 2009

The Jingles no Youtube

Agora tem um canal da minha banda, a The Jingles, no Youtube. Deem uma olhada nos vídeos já postados lá! E quem gostar pode recomendar...

The Jingles 35 anos - momento stand-up comedy meu, no meio de um show

The Jingles no Graffite - participações da banda no finado programa da TV Alterosa, em dezembro/2008
>> Camisinhas Tropical
>> Anzóis Dudu
>> Capitão Stria
>> Requeijão

Camisinhas Tropical - clipe tosco, das antigas

Crosap - outro clipe caseiro, ou melhor, roceiro

Por fim, a prova inconteste de que a banda um dia vai fazer sucesso: um professor de Física chamado Aladim canta nossas músicas nas suas aulas...
>> Anzóis Dudu
>> Requeijão

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Gabi na mídia

Travessuras do tempo
Alécio Cunha - Jornal Hoje em Dia - Belo Horizonte, 01/04/2009


O literal pode muito bem ser uma prova de poesia. Mesmo embalado pelo disfarce da prosa, certas palavras podem ganhar significados siderais na mente em formação de uma criança.

O livro “Gabi, perdi a hora!”, talentosa estréia no universo literário infantil do publicitário montesclarense João Basílio, 36 anos, brinca cm as múltiplas possibilidades de uma confusão entre o terreno do real e o mundo das palavras.

Ilustrada por André Neves e publicada pela editora belo-horizontina Lê, a obra será lançada hoje, às 20h30, na Galeria de Arte Pitágoras (rua Santa Madalena Sofia, 25 – Cidade Jardim).

A história começa quando o pai da pequena Gabriela acorda assustado e assombra a menina por estar atrasado e ter perdido a hora. Curiosa, Gabi não sossega enquanto não encontra a tal hora perdida, que pode muito bem ter resolvido brincar de esconde-esconde por aí.

O autor, que é professor universitário e fundador da banda The Jingles, que mescla com ironia sonoridades pop e minudências do universo publicitário, explica as razões de gostar tanto da alquimia dos vocábulos.

“Muito cedo descobri que o melhor brinquedo do mundo é a língua. Por isso, vivo das palavras, explorando o som, a forma e os sentidos que há em cada uma delas. Escrever é um convite para a viagem às palavras. Quando a gente abre as páginas da imaginação, nunca mais tem vontade de fechar”, assinala o autor, pai da pequena Alice.

“Gabi, perdi a hora” não é a primeira experiência literária de João Basílio. Há três anos, ele organizou, em parceria coma irmã, a jornalista Maria Teresa Leal, a coletânea de histórias “Meu Tempo e o Seu”, também publicada pela editora Lê.

“Escrever para crianças não é fácil. O leitor infantil é muito sincero. Se não se interessar, abandona logo o livro. É preciso escrever de forma simples sem ser simplório, buscando estimular a imaginação e respeitar a inteligência dos pequenos”, assegura o escritor, que tem outros livros na gaveta.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A César o que não é de César


João Basílio, abril/2009

Na verdade, meu nome é Zé Ninguém. Trabalho numa repartição pública, vejo futebol na TV, saio com minha esposa, jogo sinuca e... de vez em quando gosto de escrever. Pois é, eu gosto. Claro que não sou um escritor profissional, não ganho a vida com isso. Mas vira-e-mexe eu escrevo. É que eu gosto de pensar umas coisas sobre a vida, sobre o comportamento das pessoas, sobre o amor, sobre o futuro, sobre Deus... Então vou escrevendo, colocando as ideias no papel... E tem umas que gosto muito, sabe aquela coisa que você escreve e lê e pensa: legal, esse texto ficou mesmo bom? Pois é, tem umas coisas que escrevo que gosto tanto que fico querendo que outras pessoas leiam. Mas não sei se alguém vai querer ler um treco escrito por um Zé Ninguém. Então ficava a vontade de espalhar meu escrito de um lado e o medo de não ser lido do outro. Foi assim que tive a ideia de assinar meus textos com outros nomes. Sim, nomes de gente famosa, respeitada, considerada. Faço um powerpoint com musiquinha, mando por e-mail e assim meus pensamentos circulam, de caixa postal em caixa postal, e comentários mornos tipo “Que texto interessante” ou “É até legal, vindo de um Zé Ninguém” viram “Uau! Que genial! Só poderia vir do Fulano de Tal!”

Já tem uns quatro anos que faço assim. Já escrevi textos assinados por John Lennon, Mario Quintana, Luís Fernando Veríssimo, Paulo Coelho, Gabriel García Márquez... Quando acho que minhas ideias são femininas, assino Lia Luft. Arnaldo Jabor não assino mais, ele deu uma entrevista reclamando disso, de ver o nome dele em opiniões das quais discorda, e agora tomei birra, não dou mais nenhuma autoria pra ele. Fresco.

Pra ser honesto, preciso dizer que não fui eu que inventou essa história de escrever e colocar o nome de outro autor. Não sou “the only one”, como disse Lennon (isso foi ele mesmo que disse). Sei de um texto antigo chamado “Instantes”, lindão, de um Borges argentino, que na verdade teria sido escrito por um cartunista americano+. De qualquer forma, eu descobri por experiência própria o poder do nome do autor. Foi quando trabalhava numa empresa e ninguém me ouvia nas reuniões semanais de trabalho. Levantava minha mão, dava opinião e era como se não dissesse nada (ninguém escuta Ninguém). Até o dia em que pus grife na minha frase: “Como disse Albert Einstein, tudo é relativo”. Bastou para ser respeitado. Daí para publicar “meus” textos na internet foi um pulo.

Dia desses um amigo que sabe dessa minha mania me perguntou se eu conheço bem os autores que uso. Estava insinuando que, pra assinar por eles, precisaria saber o estilo de cada um. Olha, respondi, conheço pouco. Já li umas coisas do Paulo Coelho, gostei. Do Veríssimo também, mas nunca tive oportunidade de ler o Gabriel. Da Lia Luft gosto mesmo é do nome, acho bonito, mas não conheço nada. Nem sei se tenho mesmo que conhecer. Meu amigo alegou que muita gente, quando bate o olho no texto, já sabe que não é daquele autor ali. Não me importo. Sempre tem quem acredite. O principal é que minhas ideias circulem. Mesmo sem meu nome. Mesmo sem que eu receba um elogio sequer. Dia desses recebi um e-mail com um texto meu, quer dizer, eu enviei pra outros, que foram mandando, mandando, e chegou em mim de novo! Isso é muito gostoso! Mesmo sem meu nome. Não me importo, sério.

No momento estou trabalhando numas reflexões sobre arrependimento, aproveitar a vida, essas coisas. Ainda não sei quem vai assinar, estou entre Padre Marcelo e Pedro Bial. E até esse texto aqui, meio confessional, bem pessoal, estou assinando com o nome de outro. Nem sei quem é esse tal de João Basílio, acho que nem é famoso, mas vi o nome dele no jornal, parece que acaba de lançar um livro, então anotei seu nome e hoje eu sou ele. É, esse negócio vicia.

domingo, 29 de março de 2009

Gabi: lançamento e onde encontrar


"Gabi" nasce oficialmente na quarta-feira 1º de abril (é verdade!), às 20h30, na Galeria de Arte Pitágoras, junto ao Colégio Pitágoras Cidade Jardim - R. Santa Madalena Sofia, 25. Conto com a sua presença!

Para quem não tem como comparecer mas deseja adquirir o livro, já é possível encontrá-lo nas seguintes livrarias de BH:

Capitu – Savassi
Ouvidor – Savassi
Ouvidor – Floresta
Leitura – Cidade Jardim
Leitura – Shopping Cidade
Leitura – BH Shopping
Espiral Café – Sta Efigênia
Sede da Editora Lê – R. Januária, 437 – Tel. 3423-3200

No Rio de Janeiro: ECM – Tijuca (distribuidor)

Em São Paulo: Casa de Livros – Santo Amaro (Livraria e Distribuidora)

Enquanto o livro não chega às livrarias virtuais, estou vendendo-o por e-mail, sem custo de envio pelo correio. Mande uma mensagem para joaobasilio@gmail.com que a gente conversa.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Charge


De vez em quando penso em forma de charges. Aí o jeito é mandar a ideia pro meu amigo Duke, que nasceu pra coisa e brilha diariamente nas páginas do Tempo e do Supernotícia. Essa aí é uma das que fizemos juntos. Foi publicada em fevereiro/2008.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Flora desequilibrada



Criação minha postada em 2008 no desenblogue.com, site com peças publicitárias impublicáveis. Tem outras bobagens minhas por lá. Para quem quiser se aventurar, é só fazer uma busca por "jb bresson"...

Mais sobre Gabi


A história
"Gabi, perdi a hora!" conta as peripécias de uma menina de 5 anos que, ao ouvir o pai gritar que perdeu a hora, resolve ajudá-lo a encontrar a hora perdida, procurando primeiro em casa, depois na rua. Gabi faz descobertas, toma uns sustos e, quando afinal volta para casa, já não é a mesma...

A edição
O livro tem 32 páginas e foi brilhantemente ilustrado pelo André Neves. Chegou até a Editora Lê graças a minha irmã Tetê, que enviou o texto sem me pedir autorização. Eu mesmo ia enviar, mas ia adiando, adiando, numa mistura de preguiça e modéstia... É por causa dela, Tetê, que Gabi nasceu em 2009 e não em 2018...

Gabi, perdi a hora!


Inauguro este blog para falar de minha alegria pelo nascimento de "Gabi, perdi a hora!". O livro, editado pela Lê e ilustrado por André Neves, é minha estreia como autor infantil. A ideia surgiu durante uma disciplina que cursei na UFMG, e, de algo despretensioso, virou uma bela obra, graças à sensibilidade do pessoal da editora - Alencar e Lourdinha à frente.

Aos que lerem e quiserem comentar, trocar ideias, dar sugestões, o blog está de braços abertos. E quem gostar do livro também pode recomendar, né? ;)