terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Teatro x stand-up: um falso conflito

O comediante stand-up Cláudio Torres Gonzaga escreveu, seu parceiro de humor Paulo Carvalho botou na web e aqui estou para dar minha opinião sobre a questão. Se você não leu, leia o que escreveu o Gonzaga sobre críticas feitas por pessoas do teatro ao gênero stand-up. E depois volte pra cá pra ler o que penso.

Eu não classificaria a comédia stand-up como teatro, entendendo-se o teatro como espaço para uma narrativa, uma história com início, meio e fim - apesar de esse conceito ser estreito e deixar de fora muita peça "alternativa" por aí. Mas, da mesma forma, não acho que o stand-up deva reivindicar essa "aceitação" como teatro para ser respeitado. Teatro é teatro, stand-up é stand-up, dança é dança, poesia é poesia, música é música... E tudo está aí para divertir, provocar, emocionar, fazer refletir etc. etc. etc..., onde quer que haja espaço para acontecer: no auditório, na praça, na arena, no tablado, na TV, no corredor do avião... Eventos culturais/artísticos concorrem uns com os outros? Sim, se pensarmos que a grana é curta e ninguém pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. E não, se pensarmos que todos aproximam as pessoas da cultura, da arte e do pensamento crítico. Nesse sentido, inclusive, o stand-up consegue ser superior (porque mais intelectualizado e provocativo) do que muita peça em cartaz por aí...

É provável que a razão desse ciúme teatro/stand-up seja pela aparente vantagem do último na relação custo/benefício: sem cenário, sem figurino, sem iluminação, sem grande elenco, sem meses de pesquisa e ensaio, barato para viajar, o stand-up dos grupos de prestígio já cobra “preço de teatro”, provavelmente trazendo mais lucro para quem faz. Mas quando se cai na discussão desse retorno, o próprio teatro se depara com inúmeras situações: peças nitidamente voltadas para o povão, com um “besteirol” para o qual os do teatro “sério” torcem o nariz; monólogos de famosos da TV, uma opção nítida pelo máximo lucro (“já que eu sozinho levo público para o teatro, por que dividir com outros?”); atores há 10 anos encenando o mesmo texto, acomodados pelo sucesso e desinteressados em correr riscos; e por aí vai. Para comprar briga com o stand-up, portanto, esse teatro “sério” teria que brigar também internamente com essas outras circunstâncias igualmente “oportunistas” ou “rasas”. E também, por que não?, brigar com a TV, destino profissional sonhado por quase todos do teatro e que muitas vezes banaliza e desgasta grandes ideias surgidas no palco – vide o que faz o Zorra Total com o elenco dos Melhores do Mundo, entre outros.

Assim, ou essa turma do teatro briga com todo mundo ou não briga com ninguém – o que é muito mais inteligente, por sinal. Quanto mais criticam, mais reforçam uma imagem de intransigentes, “panelinha”, “gases nobres”... Quanta falta de visão estratégica... Depois reclamam da falta de público, de patrocínio...

Em tempo: gosto de muita coisa feita por esse teatro dito “sério”. Em BH, os grupos Cia. Espanca! e Luna Lunera, por exemplo, fazem trabalhos maravilhosos, de nível inconteste. O Grupo Galpão, “monstro sagrado”, é um que consegue equilibrar muito bem o teatro mais elaborado com o popular. Assim como há montagens "sérias" equivocadas, herméticas demais, de verborragia exaustiva ou roteiro delirante, no mau sentido. No teatro-entretenimento – as comédias que povoam as salas e batem recorde de público – também há propostas de melhor e pior nível. O mesmo acontece no cinema, na música, no stand-up... A questão que realmente interessa, ao fim e ao cabo, é a qualidade do que se oferece ao público, qualquer que seja o gênero. Mas aí cai-se no aspecto subjetivo e pessoal - o que é qualidade para mim pode não ser para o outro. Tudo bem. No final, quem decide é o público. Então vamos todos, cada um no seu quadrado, fazer o seu melhor, de acordo com suas convicções. Não é a diversidade a grande graça do mundo?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Comédia stand-up: calvície, jornalismo e cúpula do clima

Trecho de apresentação no Butiquim Santo Antônio, em BH, como convidado do grupo "Liga da Comédia", em janeiro/2010. Aproveito para agradecer o espaço aberto para mim pelo grupo, convidando-me para seis apresentações entre dezembro e janeiro. A turma só tem gente fina e de muito talento!

Comédia stand-up: Primeira vez, financeira e Twitter

Minha primeira apresentação com o pessoal nota 10 do grupo "Queijo, Comédia e Cachaça". Bar Canapé, BH, janeiro/2010. Assiste aí, e se curtir espalhe!